segunda-feira, 22 de junho de 2009

Entrevista com o professor Miroslav Milovic - copiada do site www.sofilosofia.com.br

Professor Milovic, qual a questão filosófica que ultimamente mais lhe tem chamado atenção, e por que?

Miroslav Milovic - Estou agora ministrando um curso da pós-graduação no direito e na filosofia sobre a biopolitica. É uma continuação dos cursos anteriores onde tentamos de pensar a relação histórica entre filosofia e política, entre metafisica e política. Assim chegamos até um explícito otimismo moderno que afirma a realização política da nossa liberdade. É o projeto explícito da filosofia hegeliana. Tentamos confrontar essa perspectiva com os autores diferentes como Marx, Arendt, Habermas para ver se ainda da para defender as perspectivas políticas da Modernidade. E chegamos até as conseqüências dramáticas. Onde a Modernidade afirma a nossa realização política a gente encontra fortes sinais da despolitização. Nós não somos sujeitos políticos modernos, mas expectadores marginalizados da política. A biopolítica questiona as conseqüências dessa despolitização. Com autores como Nietzsche, Foucault, Agamben e Derrida a gente tenta entender e confrontar a política moderna.


Professor, fale-nos um pouco sobre o fenômeno da identidade nos tempos modernos, em sua obra "Comunidade da Diferença".

Nesse livro tentei questionar a Modernidade não nos contextos políticos, como mencionei acima, mas discutindo as perspectivas abrangentes da racionalidade. Assim, a gente chega até os próprios fundamentos da Modernidade, até a sua própria rigidez tratada como a Identidade. Modernidade é uma forma da Identidade, da nivelação, mediocrização que apaga com as possibilidades da Diferença. A cultura global, como a conseqüência da Modernidade é um exemplo disso. Estamos na sombra hegeliana, vivendo o fim da historia, onde a nossa vida só tem sentido como a reprodução do passado. Futuro do capitalismo é o passado da historia. É o mundo sem futuro. Precisamos repensar isso, nos confrontar para que seja possível nossa autenticidade.


Senhor Miroslav, poderia nos dar um exemplo prático dessa "identidade na modernidade"?

É um bom exercício para não terminar só no vazio acadêmico. Podemos olhar a crise atual no mundo. Como por exemplo, chega rápido muito dinheiro para salvar bancos e indústria, que nunca chegou para salvar as pessoas e superar a pobreza no mundo. Vê-se o limite do mercado capitalista, mas se chama o Estado para salvá-lo. Quer dizer, as respostas ficam dentro do sistema. Não aparece nenhuma abertura para sociedade, para o povo. É o exemplo dessa Identidade que mencionei.


Gostaria que explicasse um pouco das suas especialidades, a hermenêutica e a dialética.

O meu recado pedagógico, para melhor me exprimir, é a transparência filosófica. A filosofia não pode criar confusão, mas para nos dizer o que é o mundo concreto, quem somos nós. Obviamente precisamos entender muito, ouvir outras culturas e respostas para saber. As palavras hermenêutica e dialética aparecem neste caminho. Hermenêutica fala sobre as condições da nossa compreensão do mundo e a dialética sobre os pressupostos comunicativos do nosso conhecimento. Pelo menos é a significação inicial que essas palavras têm no contexto da filosofia grega. Mas essa significação mudou. Hermenêutica ficou talvez mais presente nas discussões atuais do que a dialética. Só que hoje ela não se refere mais à compreensão das obras referenciais, como por exemplo a Bíblia, mas a autocomprensão do ser humano. Essa compreensão pode muito bem incluir a dialética no sentido da elaboração, como pensava Sartre, a nossa atividade prática no mundo.


Sobre esse ponto há outra questão: quais as diferenças entre "hermenêutica" e "filosofia da linguagem"? Estas disciplinas costumam confundir muitos interessados...

É um bom exercício para não terminar só no vazio acadêmico. Podemos olhar a crise atual no mundo. Como por exemplo, chega rápido muito dinheiro para salvar bancos e indústria, que nunca chegou para salvar as pessoas e superar a pobreza no mundo. Vê-se o limite do mercado capitalista, mas se chama o Estado para salvá-lo. Quer dizer, as respostas ficam dentro do sistema. Não aparece nenhuma abertura para sociedade, para o povo. É o exemplo dessa Identidade que mencionei.
Hermenêutica não é necessariamente ligada à linguagem. Heidegger é um exemplo disso. O que é importante é o que a gente articula com essas palavras.
A diferença ontológica, o projeto principal dele, fala sobre a nossa autenticidade no mundo. O ser não existe, como pensava a historia da filosofia. Ele é talvez só a possibilidade, a possibilidade da nossa autenticidade. A questão agora é se essa abertura para o autêntico pode ser um projeto hermenêutico ou lingüístico. Heidegger nos deixou com duas alternativas. Seria interessante comparar essa perspectiva com as duas perspectivas da filosofia da linguagem inauguradas por Wittgenstein do Tractatus e das Investigações. É possível pensar a questão sobre o ser nos contextos semânticos e pragmáticos da linguagem. Uma resposta relevante está em Habermas. Outra que questiona a linguagem é de Derrida.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Entrevista com o filósofo Evaldo Coutinho

"Filosofia no Brasil não fascina" - Entrevista : Evaldo Coutinho

Entrevista : Evaldo Coutinho
"Filosofia no Brasil não fascina"
Ivana Moura
Da equipe do DIARIO

Um dos mais importantes, e desconhecidos, filósofos brasileiros é pernambucano e completa 90 anos no dia de hoje. Evaldo Coutinho vive recolhido com sua esposa Giselda, num pequeno apartamento, de um edifício à beira mar de Boa Viagem. De lá, quase não sai, reafirmando seu temperamento tímido. Nesse espaço, habita o conhecimento do mundo. Em nove livros, ele traçou toda a idéia do universo em escritos sobre Filosofia, cinema, Arquitetura, Estética da Arte. Seu sistema filosófico, A Ordem Fisionômica, defende que o homem, ao nascer cria o absoluto e a morrer o destrói.

Com o documentário ?A Composição do Vazio?, do estreante Marcos Enrique Lopes, seu nome ganhou um pouco mais de projeção fora dos meios acadêmicos. O filme, uma cinebiografia do escritor e crítico de cinema vem fazendo uma bela carreira de prêmios. Ao completar 90 anos, ele recebe homenagens, que começam na Faculdade de Medicina, no Derby, às 17h, promovido por ex-alunos de Letras, Arquitetura, funcionários do Departamento que ele ensinou. Às 20h, será exibido o filme A Composição do Vazio, no Cine-teatro Apolo, seguido de palestra de Paulo Cunho e Alexandre Figueirôa. O projeto Evaldo 90 anos pretende tornar o pensamento filosófico de Coutinho mais conhecido. O programa inclui um site, debates e um livro de crítica à obra.

Do Recife só se afastou em duas ocasiões. Quando passou quatro anos no Rio de Janeiro e quando ficou seis meses em Lisboa (foi de navio, porque tem pavor de avião). E faz questão de destacar que nasceu no Pátio do Terço. "Digo isso com muito orgulho, porque do Pátio do Terço ao Forte de Cinco Pontas foi o último caminho percorrido por Frei Caneca. E acho Frei Caneca o maior pernambucano de todos os tempos".

DIARIO DE PERNAMBUCO - Apesar da importância intelectual do seu trabalho, o senhor é pouco conhecido fora dos meios acadêmicos. Com o filme A Composição do Vazio esse círculo foi ampliado?

Evaldo Coutinho - Sim, tenho sido objeto de curiosidade, apreço, graças ao filme.


DP - Que avaliação o senhor faz do filme?

Evaldo Coutinho - Gostei, sobretudo pela presença de pessoas importantes na erudição filosófica aqui no Brasil. Benedito Nunes, Chauí, Ângelo Monteiro, Paulo Cunho e outros. Agora, parece estranhável que eu sendo partidário do cinema mudo (risos) haja permitido aparecer num filme falado. Mas não se pode exigir que um documentário fosse apenas mudo. É legítimo, é cabível a presença da voz, monólogos, etc.


DP - Por que o senhor é tão desconhecido do grande público?

Evaldo Coutinho - Primeiro por temperamento. Sou muito de casa. Muitas coisas o meu temperamento não admite. Por exemplo, procurar Ivana, e pedir uma notinha ao meu respeito. Isso eu não faço. Acho isso incorreto. E por isso fui ficando ausente. Ainda mais a natureza dos meus estudos. Filosofia no Brasil não fascina ninguém. Não se sabe nem o que é isso. E foi o que eu escolhi para desenvolver. A minha vida foi especulação filosófica, desde muito cedo. O histórico dessa minha especulação filosófica é que é curioso. Cheguei a possuir, ter um sistema filosófico, uma visão universal das coisas. Uma concepção nova do ser. Então desenvolvi isso em cinco livros. E receoso de que esses livros não fossem compreendidos, entendidos, eu escrevi dois outros, Lugar de Todos os Lugares e o último que é a Artisticidade do Ser. Com esses livros eu ofereço uma explicação sobre a minha obra. Como ela deve ser entendida, o que ela representa, etc.


DP - Qual a essência do estudo do ser na sua obra?

Evaldo Coutinho - É que o ser não escapa à circunstância da morte de cada pessoa. Eu digo que escrevi que a morte de um indivíduo era uma hecatombe universal. Porque quando ele morre, leva consigo, na morte, tudo que ele teve na vida, tudo. Conhecimento, todo tipo derelação. Então, eu compus uma espécie de teologia do eu. Um eu humano, consciência humana. Tudo passa nele, inclusive a idéia de Deus, a presença de Deus. A idéia de Deus, que cada um possui, morre com a morte desta pessoa. Trata-se de um sistema filosófico melancólico. Mas a filosofia não foi feita para agradar, favorecer, beneficiar, alegrar. Então, eu tenho para mim, que o ser nasce com cada consciência que nasce e morre com cada consciência que morre. Há uma espécie do que eu chamei de cintilação cósmica. É um morrer e um nascer freqüente, por parte do ser. Quantas vezes, esta hora o ser não está morrendo, com os que estão morrendo. E quantos vezes o ser não está nascendo agora com os que estão nascendo, etc. Eu desenvolvi isso em sete livros.


DP - Morreu, acabou tudo? Não sobra nada?

Evaldo Coutinho - Acabou tudo. Não sobra nada... É muito triste, né?


DP - Seu livro Espaço da Arquitetura não fica distante do restante da obra?

Evaldo Coutinho - Digo que é aparentemente afastado do conjunto da obra, mas na verdade está vinculado à obra, à essência da obra. Quero muito bem a esse livro porque ele foi pensado, promovido enquanto eu era professor de Filosofia da Arquitetura. Dediquei a meu pai, a quem eu devo tudo, em matéria de estudo, de estímulo para estudar, para escrever, para pensar. E o outro livro também que aparentemente se afasta da essência de minha obra, mas que está ligado a ela é A Imagem Autônoma, em que defendo o cinema mudo. Acho que uma filosofia do cinema nós só podemos encontrar diante do cinema mudo, preto e branco. O cinema falado não nos dá, não nos favorece, não estimula sobre uma filosofia do cinema. Porque o cinema falado tem já está no teatro.


DP - Professor, mas essa questão do cinema mudo, não seria uma nostalgia?

Evaldo Coutinho - Já ouvi isso. Mas não acredito não. Porque eu parto do princípio da matéria. Cada arte, grande arte, tem a sua matéria própria, exclusiva. A música é a sonoridade, a escultura o volume, a pintura é a cor.


DP - E o teatro?

Evaldo Coutinho - O teatro não chega a ter um nível de uma grande arte, com essa exclusividade de matéria, porque lida com várias coisas. Então qual seria do cinema? Colocar som. Mas o som já é da música, colocar cor, mas a cor já é da pintura. Então a matéria própria que só é do cinema é a mudez, o silêncio, preto e branco. Isso ocorrendo com o movimento, a imagem movida ou parada. Difícil de conseguir. Não há quem faça. Tanto que, na história do cinema, desde os irmãos Lumière até hoje, até 1930, nunca apareceu um filme perfeito, porque estava ainda em desenvolvimento. Já havia grandes exemplos de cinema, sobretudo a obra de Chaplin. A Imagem Autônoma quase todo ele vem de Chaplin. Eu o acho de uma grandeza fabulosa. Mudo, calado, Carlitos não falava.


DP - Professor, como foi seu aprendizado em filosofia, estética, arquitetura?

Evaldo Coutinho - Sempre fui autodidata, como todo brasileiro da minha geração. E eu tinha conhecimentos de estilos arquitetônicos, vi a importância da arquitetura no livro A Decadência do Ocidente, que tevemuito êxito naquela época. Quando fui convidado para ser professor de teoria e filosofia da arquitetura, a cadeira pertencia a Joaquim Cardozo, grande poeta e grande amigo meu. Então Cardozo me explicou que não tinha tempo. Realmente Cardozo estava muito ocupado, e eu fiquei na cadeira até me aposentar. E fiz um programa a minha maneira. E foi durante esse tempo que escrevi o Espaço da Arquitetura, mostrando minha concepção filosófica da arquitetura. Eu transferi o interesse filosófico das fachadas, dos tetos, das áreas vizinhas para o vazio que as paredes permitem. Então eu vi que filosoficamente, o espaço interno da arquitetura era um repetidor no tempo, conseguia deter o tempo.


DP - Como funciona isso?

Evaldo Coutinho - Por exemplo. Você constrói uma casa, chama um arquiteto, diz como quer a casa e vai morar nela. Mora anos e anos. E depois por força das circunstâncias, tem que deixar a casa. Outras pessoas ocupam a casa. Então, essas outras pessoas vão repetir, dentro do vazio, os mesmos gestos, as mesmas atuações que você teve, na casa. Repete a cena dentro da casa. Aí eu concluí com uma frase, que está no meu livro. Num dos meus livros, se não me engano, Lugar de todos os lugares: A vida se processa ao compasso da repetição.


DP - Repetição seria uma coisa comum da humanidade, isso em todas as épocas?

Evaldo Coutinho - Sim, sim. É o normal, desde que tenha um espaço vazio, uma igreja, uma casa de moradia, um castelo, um albergue, um mocambo, uma gruta.


DP - Esse espaço determina a atuação das pessoas também?

Evaldo Coutinho - Também. É o que acontece. Você está aqui, mas tem que obrigatoriamente que passar por aquela porta, senão não sai. Então arquitetos não são só criadores de lugares. Eles também são também criadores de paradas no tempo. Porque ao construir uma igreja gótica, condicionam o procedimento, o comportamento de todos que estão ali dentro. Não só para aquele momento, para aquela época, mas para o futuro. Desde que se conserve intacta a obra. O arquiteto é uma espécie de artista que cumpre uma coisa importante: deter o tempo.


DP - Por falar em tempo, o senhor está completando 90 anos, o que é uma dádiva...

Evaldo Coutinho - Você acha, é? Tenho minhas dúvidas. É da minha longevidade que você fala? Não, nunca pensei nisso não. Considero o existenciamento. Tudo que acontece comigo e com os outros são existenciamentos que pertencem a mim, que fazem parte do meu repertório, inclusive a circunstância de eu ter 90 anos. E esses 90 anos vão se desfazer quando eu morrer.


DP - Completar 90 anos é um fato especial para o senhor?

Evaldo Coutinho - Não tenho sentido nada de especial, vou passar dos 90 como passei dos 30, 40. Habituei-me muito cedo à circunstância de ter que morrer um dia. Isso é importante, preparar o espírito cedo para morte.


DP - Como se pode preparar o espírito cedo para a morte?

Evaldo Coutinho - É muito pessoal. Cada um tem um método, um processo seu. Eu tenho medo da morte. Todo mundo tem. Mas o medo que tenho hoje não é o mesmo quando tinha 15 anos. É um medo até mais atenuado. Todos morreram. Porque não hei de morrer também. Há uma solidariedade incrível. As pessoas que você mais estima, mais estimava, morreram. Você às vezes sente até vontade de morrer também. Então são meios pessoais, processos, métodos da sua inventiva emocional.


DP - O senhor está casado com dona Giselda há 52 anos. Qual o segredo dessa convivência tão harmoniosa, durante tanto tempo?

Evaldo Coutinho - Procurar entender a pessoa. Não ser exigente demais. É fácil. Pra mim, não tem problema nenhum. Giselda foi minha aluna de pintura, de Belas Artes, quando eu ensinava arquitetura lá, ela era do curso de pintura.


DP - E futebol, o senhor torce por algum time?

Evaldo Coutinho - Quando era menino, no Americano Batista, eu era do Náutico.


DP - E agora?

Evaldo Coutinho - Agora é o campeão. (risos). Porque no Colégio Americano, tinha uns professores que jogavam futebol, naquele tempo, em 1922, 23, 24. Estudei no Americano no curso primário. E a camisa era do Náutico e os professores eram do Náutico. Todo ex-aluno do Americano era do Náutico.


DP - E de política, o senhor gosta?

Evaldo Coutinho - Não. Diverte-me, até. É uma lástima, o país viver submetido a esse tipo de político que existe aí. Profissionais da política. São existenciamentos que vão morrer comigo.


DP - A sua obra ainda é incompreendida?

Evaldo Coutinho - Ainda é incompreendida. Porque filosofia não é fácil, assim como é fácil um conto folclórico. Mas eu me esclareci a mim mesmo. Tanto que escrevi para cada volume um prefácio no qual eu ponho o cerne de toda a obra, a essência. Que partindo do cerne que a concepção do centro, o ser que morre que nasce. De qualquer forma é um sistema de coerência, de unidade.


DP - O senhor considera Recife uma cidade difícil de viver, até cruel?

Evaldo Coutinho - Não levo a esse exagero não. Como você sabe, o meu limite é caseiro. As coisas más, na sua maioria, se passam fora de casa. E já é um privilégio. E no plano intelectual, quem tem o dizer, diz. Tirando o aperto da dificuldade, Recife não impossibilita a criação de um sistema filosófico. De jeito nenhum. Há uns países aí, ricos de possibilidades, que não produzem nada intelectualmente. A Suíça só produz relógios. E cadê uma grande obra da Suíça.


DP - Mas enquanto projeção da obra? Se o senhor morasse em outro centro...

Evaldo Coutinho - Ah, sim, acredito. Quem disse isso foi outro grande estimulador meu, Nelson Saldanha. Se minha obra tivesse sido publicada na Europa eu teria tido outro rumo, não é? Mas me custou muito, me custou minha vida toda. Sou de casa, de poucos amigos, mas sempre muito estimado. Haja vista as manifestações que se dão agora no meu aniversário.
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Responsável: Márcio José

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